Tribunal do Júri Inicia Julgamento dos Acusados pelos Assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes
Nesta quarta-feira (30/10), o 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro começa a julgar os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O julgamento, que se inicia às 9h, ocorre mais de seis anos após o crime brutal que abalou o país e levanta fortes expectativas de justiça.
A sessão foi marcada pelo juiz Gustavo Kalil, do 4º Tribunal do Júri, após uma reunião com representantes do Ministério Público, assistentes de acusação e a defesa dos réus. Durante o julgamento, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) buscará a condenação máxima para Lessa e Queiroz, com uma pena que pode chegar a 84 anos de prisão. O caso está sendo conduzido pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado, que vai destacar as qualificadoras do crime, incluindo o motivo torpe e o uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas.
O crime ocorreu na noite de 14 de março de 2018, quando Marielle e Anderson foram alvejados em uma emboscada no centro do Rio de Janeiro. Ronnie e Élcio, agora confessos, foram presos durante a Operação Lume, deflagrada em março de 2019 pelo MPRJ e a Polícia Civil. O veículo utilizado no crime, um Chevrolet Cobalt, foi adquirido por Lessa e Queiroz, adicionando a acusação de receptação de veículo aos crimes de duplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio.
Para o julgamento, foram selecionadas 21 pessoas, das quais sete serão sorteadas para compor o júri popular. Os jurados permanecerão incomunicáveis e em acomodações restritas do Tribunal de Justiça do Rio ao longo do julgamento, visando garantir total imparcialidade. O Ministério Público pretende ouvir sete testemunhas, entre elas a jornalista Fernanda Chaves, única sobrevivente do atentado, além de familiares das vítimas e dois policiais civis envolvidos na investigação.
Devido à segurança e à gravidade do caso, os acusados serão ouvidos por videoconferência, estando Ronnie Lessa detido no Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo, e Élcio de Queiroz no presídio federal de Brasília. O processo judicial acumula 13.680 páginas, distribuídas em 68 volumes e 58 anexos, e representa uma das investigações mais complexas e emblemáticas do país.
O julgamento de Lessa e Queiroz marca um passo importante para o desfecho de um crime que mobilizou o Brasil em busca de respostas e justiça, reacendendo debates sobre a violência política e a luta por direitos humanos no país.
Deixe um comentário