Em entrevista à RedeTV exibida neste domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à pressão do mercado financeiro por cortes de gastos, defendendo uma abordagem que priorize o crescimento econômico com justiça social. Segundo reportagem do Valor Econômico, Lula afirmou: “Eu vejo o mercado falar bobagem todo dia, não acredite nisso, eu já venci eles [o mercado financeiro] e vou vencer outra vez”. A declaração ocorre em meio a intensas negociações sobre um pacote de revisão de gastos, preparado pela equipe econômica do governo e prestes a ser avaliado pelo Palácio do Planalto.
Lula destacou que o ajuste fiscal não deve ser responsabilidade exclusiva do Executivo, mas um esforço compartilhado entre os Poderes. O presidente defendeu que tanto o Congresso quanto o Judiciário devem se engajar em cortes de despesas excessivas. “É uma responsabilidade do Poder Executivo, do Poder Judiciário. E quero saber se eles estão dispostos a fazer cortes nos gastos excessivos. Quero saber também se o Congresso está disposto a cortar os seus gastos. Só assim teremos uma verdadeira parceria em prol do bem comum”, afirmou.
O presidente também criticou o elevado volume de recursos destinados a emendas parlamentares, apontando que essa despesa precisa ser revista para garantir um ajuste fiscal mais equilibrado. “Se a vontade de cortar gastos tivesse existido no governo anterior, não estaríamos enfrentando a situação que herdamos”, disse, referindo-se à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula ressaltou que cerca de R$ 300 bilhões foram gastos para sustentar a administração anterior, um valor que, segundo ele, poderia ter sido usado de maneira mais eficiente.
Com um tom combativo, Lula reafirmou que a economia brasileira não pode retroceder e que qualquer dívida contraída pelo governo deve ser direcionada à criação de ativos que contribuam para o desenvolvimento do país. “Não entrei na Presidência para ver a economia encolher. Somente o crescimento econômico com distribuição justa pode fazer o país avançar. O crescimento precisa ser distribuído, não concentrado nas mãos de uma minoria”, concluiu.
A declaração ocorre em um momento decisivo para o governo federal, que enfrenta a pressão de realizar um ajuste fiscal que equilibre as contas públicas sem comprometer os programas de desenvolvimento social e econômico. O desafio é encontrar um ponto de equilíbrio que atenda tanto às demandas internas quanto às expectativas de um mercado que, segundo Lula, muitas vezes age contra os interesses do país.
Deixe um comentário