Foram tirados de contexto os vídeos em que o presidente Lula sugere que os mais pobres devem ser usados durante o período eleitoral e posteriormente descartados. O compilado que tem sido compartilhado nas redes manipula declarações antigas em que o petista critica governantes incapazes de realizar políticas voltadas à população de baixa renda.
As publicações enganosas, que somam centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta segunda-feira (18), também circulam no Instagram, no Kwai e no TikTok.
Publicações nas redes têm compartilhado trechos descontextualizados de diversas falas de Lula para sugerir que o presidente despreza a população mais pobre.
No primeiro recorte usado pelas peças de desinformação, o petista afirma que “pobre tem que passar fome para aprender a lutar”. No entanto, na fala original, feita durante uma premiação organizada pela Fundação Bill & Melinda Gates em 23 de setembro deste ano, é possível perceber que o petista criticava essa linha de pensamento.
Confira a transcrição abaixo:
“Eu quando era mais jovem, eu imaginava, eu dizia assim: ‘As pessoas têm que passar fome para aprender a lutar. É preciso’. Aí eu descobri que a fome não leva ninguém à revolução. A fome leva as pessoas à submissão. Então, cabe ao Estado, seja ele o americano ou brasileiro ou chinês ou finlandês ou norueguês, ter como premissa básica atender as necessidades do mais pobre.”
O compilado também usa ao menos outros três trechos de falas de Lula tiradas de contexto – e que já foram desmentidos por Aos Fatos em outras ocasiões:
Por fim, o último vídeo compartilhado pelos posts enganosos, em que Lula diz que “quanto mais miserável é o povo, quanto mais desgraça ele tem, mais ele acredita em coisas fáceis” foi gravado em 1989, durante uma participação no programa Show de Calouros, do SBT. À época candidato à Presidência, o petista falava sobre a importância da participação popular na vida política.
Os trechos editados voltaram a circular fora de contexto durante a Cúpula do G20, que ocorre nesta semana no Rio de Janeiro. No evento, representantes das maiores economias do mundo se reúnem para discutir formas de combater os principais problemas socioeconômicos, como a desigualdade e a fome. Também foi lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, proposta pelo Brasil e que teve a adesão de mais de 80 países.
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