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Putin comenta tarifas de Trump ao Brasil e faz ligação com julgamento de Bolsonaro

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou a chamar atenção da comunidade internacional ao comentar sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Durante uma coletiva de imprensa realizada em sua viagem à China, Putin afirmou que a medida anunciada por Donald Trump não tem relação direta com a guerra na Ucrânia ou com a balança comercial entre os dois países.

Segundo o líder russo, as sobretaxas aplicadas ao Brasil refletem problemas de ordem política e interna nos Estados Unidos, envolvendo inclusive a relação das autoridades americanas com o ex-presidente Jair Bolsonaro.


Tarifas ou política?

Putin ressaltou que, diferente da Índia — que também sofreu tarifas de 50% por conta da compra de petróleo da Rússia —, o Brasil não possui desequilíbrio comercial com os Estados Unidos. Para ele, as medidas impostas a Brasília foram motivadas principalmente por questões políticas.

Em julho, Donald Trump anunciou a cobrança de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Na mesma ocasião, o republicano criticou abertamente o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), classificando o processo como uma “caça às bruxas”. Trump chegou a enviar uma carta ao presidente Lula pedindo o fim do julgamento.

Atualmente, Bolsonaro é réu em um processo no STF que investiga seu suposto envolvimento em uma trama golpista para tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.


Reação do governo brasileiro

O governo brasileiro rebateu as acusações e lembrou que, nos últimos dez anos, a balança comercial tem sido favorável aos Estados Unidos, com um saldo positivo de mais de 40 bilhões de dólares para o lado americano.

O presidente Lula também respondeu diretamente às declarações de Trump, classificando as tarifas como uma tentativa de interferência no Judiciário brasileiro. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, afirmou.


Putin na China

A coletiva de imprensa em que Putin fez os comentários ocorreu durante sua viagem oficial à China. O presidente russo participou de um desfile militar em Pequim, que marcou os 80 anos da vitória chinesa contra o Japão na Segunda Guerra Mundial, e também da reunião da Organização de Cooperação de Xangai (SCO).

O encontro reuniu líderes internacionais como Xi Jinping e Kim Jong Un. O Brasil foi representado pelo assessor especial da presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, e pela ex-presidente Dilma Rousseff, que atualmente preside o Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos Brics).

Embora houvesse expectativa de que Rússia e China discutissem posições sobre a guerra na Ucrânia, Putin destacou que o tema das tarifas impostas pelos Estados Unidos não foi uma prioridade nas conversas.


Conclusão

A declaração de Putin traz mais uma camada de complexidade ao cenário político e econômico entre Brasil e Estados Unidos. Enquanto Trump defende que as tarifas respondem a questões de comércio e política interna, o governo brasileiro insiste que não há desequilíbrio comercial que justifique as medidas.

No centro desse embate, o julgamento de Jair Bolsonaro no STF surge como pano de fundo de um debate que mistura geopolítica, comércio internacional e disputas políticas internas.

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